1. |
Não Perguntem Porquê
03:34
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Acho que ontem a noite foi má
E bebi demasiado, talvez
Não sei que feira será
Muito menos o dia do mês
Outro dia sem me pôr de pé
A ver os anos passar
Não me ajuda nem o café
Nem o sistema solar
Não perguntem porquê
Não tiro a baixa
Estudar para quê?
Se um mestre doutorado acaba a trabalhar na caixa
Vou da vigília em vão
Até ao sono mortal
Do meu sepulcro pagão
Que por bem calhou ser de casal
Não perguntem porquê
Só me ergo ao meio-dia
Trabalhar para quê?
Se para quem não faz nada sempre fica a demasia
De tanto ficar para trás
Estou de alma prostrada no chão
Se sabem o mal que me faz
Atirem-me para um vulcão
Ou trespassem-me o coração
Com o mais adequado talher
Mas deem-me o que eu quiser
Mas deem-me o que eu quiser
Não perguntem porquê
A sós caminho
Casar para quê?
Se mesmo que não se queira, sempre se morre sozinho
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2. |
Lá Foi Ela Para a Cidade
03:39
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O meu amor
Não posso tê-lo
Está no alto de um monte calado e frio
Não tem jóias
Nem cabelo
Vive em casa, de onde jamais partiu
É a mais bela
Da minha terra
À janela de onde sai para me ver
Dá para o sótão
Que a encerra
Com os restos de quem no monte se foi perder
Disse ela: "Amor,
Com amabilidade
Destranca a porta e apaga o círculo de giz."
E lá foi ela
Para a cidade
Peço a Deus perdão pelo que fiz
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3. |
Santa Maria Sem João
03:07
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Sem explicação
Assuntos do coração
Não se parecem
Com contos de fadas
Oferta
As coisas certas
Sempre acontecem
Nas alturas erradas
E eu canto
Porque fiquei só
Rodopiam as garrafas no chão
Num pranto
De meter dó
Oramos a Santa Maria
Sem João
Pendurei pelo solar
As saias que deixou ficar
Feitas de linha
Os perfumes e os vernizes
Em tronco nu
Ajoelhado em grão cru
Nesta casinha
Onde já fomos felizes
E eu canto
Porque fiquei só
Rodopiam as garrafas no chão
Num pranto
De meter dó
Oramos a Santa Maria
Sem João
E eu canto
Porque fiquei só
Rodopiam as garrafas no chão
Num pranto
De meter dó
Vamos todos a Santa Maria
Vamos todos beber da sangria
Vamos ler da mais alta poesia
Sem o João
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4. |
Valsa das Insónias
03:05
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Ao fim de um serão dos mais compridos
Já tentei contas, já tentei ler
Tomei os chás e os comprimidos
Mas não consigo adormecer
Que aborrecida a luz do luar
Fugindo do tédio ponho-me a pensar
Penso na vida, penso no verão
Penso no futuro desta nação
Cansa-me a aurora
Como cansa a escuridão
O sono chega mas vai-se embora
E eu fico agarrado ao colchão
Não sei quem me dá estes castigos
Mas meu benfeitor não é
Peço aos mortos, os meus amigos
Que me convidem só para um café
Que aborrecida a luz do luar
Fugindo do tédio ponho-me a pensar
Penso na vida, penso no verão
Penso no futuro desta nação
Cansa-me a aurora
Como cansa a escuridão
O sono chega mas vai-se embora
E eu fico agarrado ao colchão
Cansa-me a aurora
Como cansa a escuridão
O sono chega mas vai-se embora
E eu fico agarrado ao colchão
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5. |
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Voltei a fazer o mal
Por não poder mais estar sem
Voltei-me a sentir normal
E normal não sabe bem
Saio e bebo um litro
E encanto o teu perdão
Pergunto se me foi concedido
E afinal parece que não
Então sigo com a maré
Como um invólucro de plástico que sufoca um peixinho
E então também ele se vai
E eu torno a ficar sozinho
Quero abrir novos caminhos
Olhar de novas janelas
Se queres tanto sair daqui
Porque é que não te atiras delas?
Não aguento mais a descida
Dessas coisas letais
Se tens tanto amor à vida
Então porque é que sais?
Nas noites sempre iguais
Em que sempre me orgulho demais assim
Da gracinha que acabo de dizer
Tão eloquente
Tão mordaz
E pertinente
E toda a gente adorou
Toda a gente adorou
Toda a gente adorou
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